CRAVO DE FERRO
CRAVO DE FERRO
quando eu senti que tu paraste,
pronta a parir o grito
que grávida carregavas
(como um cravo de ferro
que te furava a alma prestes a romper),
quando senti que teu grito agudo
podia estilhaçar o cristal do céu poente
em chuva de granizo,
derreti com beijos molhados e quentes
o gelo que te cerrara os dentes
e deixei que tu soprasses pra dentro de mim,
da tua para a minha garganta
– precipício onde escolhestes morrer –
o último de teus alentos.