A História de Sabugo
Acredito que nesse mundo não existia uma pessoa pra ter mais histórias do que eu.
Era sair de casa e voltar com uma história diferente.
O caminho da escola que não era muito distante, um quarteirão. E pra se ter uma ideia quarteirão em cidadezinha pequena já sabe como é. É bem ali.
E nessa minha viagem de todos os dias era cada uma que só Deus pra ter misericórdia.
Embaixo de uma arvore existia ali um senhor que adotou a arvore como sua moradia.
Era ele, suas coisas pessoais e um cachorro. Quase sempre ao sair de casa eu pegava um pedaço de pão ou uma bolacha para dar ao cachorro que sempre, sempre ao me ver abanava o rabo.
Dava gosto de ver como aquele senhor amava aquele cachorro.
Cansei de ver os dois almoçando juntos.
Como era impossível dar comida ao cachorro com uma colher ou garfo, o cachorro era servido com a mão mesmo.
E o cachorrinho até que gostava desse aparato todo.
Dizia ele que vinha de muito longe, mas foi ficando por ali porque sua missão era cuidar do seu companheiro.
O seu cachorrinho chamava-se sabugo.
Nome mais esquisito pra um cachorro, mas parecia que sabugo adorava o seu nome.
E minha curiosidade em saber porque ao invés de totó como eram conhecidos uma porção de cachorros, aquele que era tão bonitinho possuía um nome tão feio.
Queria saber porque.
O que era que uma espiga de milho tinha a ver com aquele cachorro?
E ele me contou:
Num dia de chuva, as ruas ficaram alagadas e para sua surpresa as águas traziam alguma coisa bem pequena. Era um filhotinho de cachorro tentando se salvar agarrado num sabugo.
Fiquei pasma!
Verdade ou não, era a história dele e do seu cachorro.
Em casa contei pra minha mãe, a história do senhor que morava embaixo de uma arvore, que tinha como companheiro inseparável, um cachorro que se chamava sabugo e que foi salvo de uma enchente por uma espiga de milho depenada!
E minha mãe que tinha muito o que fazer só me disse:
Desde quando espiga de milho tem pena menina?
É cada uma!