A procura é incessante por novas respostas.
Há aquela necessidade de corrigir as escolhas erradas.
A luta contra seu ego não permite tréguas.
Tenta reescrever o passado, perdoando-se.
Tenta libertar-se da prisão criada por suas fantasias.

O sol ainda brilha do lado de fora do quarto.
O rio segue seu curso independente daquilo que faça.
O vento traz sua brisa morna, insistente e molhada.
O coração palpita, descompassado pela ressaca.

Muito mudou desde o tortuoso recomeço.
A felicidade voltou a ser uma possibilidade.
Os dias e as noites retomaram os seus papéis.
Não há mais o desespero pelo sofrimento alheio.
Não há mais o vilão e o seu desrespeito.

Os sonhos de infância foram todos realizados.
Não vieram na sequência correta por um capricho do destino.
Houve a necessidade da escolha, da troca de um pelo outro.
Por isso tenta revivê-los, buscando o entendimento.
Por isso não sofre em segredo, apenas lamenta.

Há a fuga dos truques da mente, há desejo por novos abraços.
A vida conhece o presente em cada segundo passado.
O amor não é mais inocente e permite outra vez ser lembrado.
E ele abre a porta do quarto, vai tentar reescrever seu legado.