Auto analise de meu cerne
Meu nome é Hélio, brasileiro, 28 anos. No dia três de março de 2018, uma terça feira, por volta de uma e meia da manha estava pensado sob títulos para escrever.
Como a maioria dos escritores meu cérebro trabalha melhor na madrugada, o que para os familiares e médicos é considerado como doença ou “vagabundagem”, acredito que seja um ótimo horário para trabalhar, estudar e planejar.
Entre as varias ideias que se passavam por minha cabeça, veio um estalo. Surgiu a ideia de contar a minha história de vida, entre vários títulos e ideias de como fazer, tomei o titulo desse livro como ideia principal.
Vou começar minha história quando eu tinha exatos 18 anos, em 2008, foi uma conversa com amigos durante o recreio que eu acordei para a vida, um amigo me disse algo que na época mexeu comigo, e talvez fosse a partir dali que eu havia nascido de verdade:
_" Hélio, você so estuda, não faz nada da vida não?"
Ele me disse simplesmente isso, e naquele momento eu como vulgo intelectual, parei para pensar, naquele momento lembrei de uma aula de um professor de história meses antes, em que ele disse:
_ “as pessoas que vivem numa cidade e que não param para pensar no futuro, ou em algum projeto na vida não passarão de escravos do tempo, pois durante toda a vida passarão olhando para o relógio, hora de dormir, hora de acordar, hora de comer, hora de usar o banheiro...”
Naquele momento somei a pergunta do meu colega com essa fala do professor, e percebi uma coisa, a minha vida não era minha, eu seguia ordens, regras, leis, muitas invisíveis, algumas familiares, outras do próprio contexto em que estava, era um aluno de ensino médio que não tinha namorada, não saia para festas, não bebia, eu não fazia nada condizente com minha idade, então eu me perguntei “ onde foi que eu decidi isso? ”, e me lembrei do passado.
Minha oitava série, estudava num típico colégio abastado, foi um ano inesquecível de varias maneiras, nesse ano seria o ano que eu repetiria de serie, o que para mim era algo inaceitável, para meus pais era algo ainda pior, ” meu filho reprovando de ano, mas que vergonha!!”, ouvia meus pais preocupados enquanto diziam isso, se não pessoalmente, em suas faces a vergonha de ter um filho burro.
Mas talvez, eu não fosse burro, talvez fosse incompreendido. Me lembrei do passado, e percebi algo fantástico, me lembrei de quando eu estava na quarta série, estudava em outro colégio abastado, um católico, na época eu tinha exatos 10 anos, me lembro de acontecimentos que eram caóticos em minha vida, foi um ano difícil, pois na terceira seria havia passado em todas as disciplinas, mas na quarta serie eu fracassei, meu primeiro ano de recuperação, colégio rígido, aulas no domingo.
Mas foi ali que eu decidi meu futuro, não!!! Foi antes, eu estava no pré estudava em uma escola numa cidadezinha no interior do estado, me lembro que ali era um aluno mediano, me lembro de poucas coisas porque naquela época era imaturo, naquele ano eu brigava com meus primos, e tinha uma rixa em especial com um certo primo. Não nos dávamos bem, e foi vários anos para as brigas forjarem uma amizade que cessou quando mudamos de cidade.
Ah!!! Sim agora me recordo, eu decidi o meu futuro antes, quando percebi numa brincadeira de meninos bobos, como a sociedade era desigual, estava em casa, na época havia uma marcenaria, não muito longe de casa. Certo dia peguei alguns tocos de madeira, e junto com meus primos o mais velho, começou a dividir, numa divisão extremamente justa, justa para ele:
_ um para você, um para você, um para mim. Dois para você, dois para você, dois para mim...
Durante a divisão quando ele dizia dois para mim, três para mim, ele sempre pegava duas peças, três peças, mas quando era para os demais ele dava apenas uma. Percebi naquele momento que o mundo era dos espertos, não podíamos criticar seu julgamento pois era ele o primo mais velho se retrucássemos naquele momento ele batia na gente.
Foi ali, numa brincadeira de criança que eu percebi, que o mundo gira na mão dos espertos, e dos fortes, quem não tem poder, cala e obedece, o medo é um sentimento, que nos faz burros, talvez fosse naquele momento que eu deveria mudar. Aquele dia me marcou, mas eu era ingênuo na época, sabia que algo estava errado, mas me calei, e paguei as consequências.
Fui crescendo e a cada ano que passava eu via, os amigos que colavam passando de ano, e eu apanhando, tirava zero na prova tinha que estudar a noite inteira, memorizar o livro de cabo a rabo, decorar todas as informações senão apanhava. “Eu não criei filho burro!!”, essa expressão da minha mãe me fez ir pelo caminho mais longo, eu era moldado para seguir pela ética e moral, via os amigos que colavam na prova, se tornando cada vez pessoas mais bem-sucedidas, enquanto eu o idiota seguia pelo caminho árduo, mas porque eu fazia isso?
Ah!! Me lembro agora, era uma criança instruída nas leis de deus, um católico exemplar, rezava para deus todos os dias esperando que algo acontecesse, eu rezava e compartilhava todas a minhas ideias puras, como se ele ouvisse, eu continuava a crer, a acreditar eu rezava, e nada, continuava indo mal nas provas, e via cada dia os espertalhões vencendo enquanto eu o garoto honesto apanhava.
O tempo passou eu cresci e a cada ano era tudo a mesma coisa, eu apanhava para o mundo, acreditando que a vida seria melhor para a honestidade, eu caminhei pelo caminho certo, orei, ajudei os necessitados, doava minha mesada para ajudar os que passavam fome, eu gostava de ajudar, e não esperava nada em troca eu era eu, eu era um...
O tempo passou, na quarta serie quando fiquei de recuperação enquanto meus amigos que colaram nas provas, passaram de ano e foram viajar. A culpa era minha. Naquele ano meus pais não viajaram para o interior, culpa minha, meu irmão foi sozinho porque passou de ano, mas eu fiquei pra trás, o peso, o perdedor, eu era cego, via meus pais me tratando com certo descaso.
Como se eu precisasse de ajuda, me colocaram num psicólogo, me fizeram participar de cursos, “Aprendendo a pensar”, me lembro dos professores que tentavam ensinar aos alunos como fazer coisas bobas, como escolher compras, coisas do dia a dia.
Eu estava a cada dia sendo tratado como diferente, como anormal, como um peso, uma falha, e por mais que meus pais se negassem a dizer isso, a forma que me olhavam me marcou muito.
Na época eu era puro, era o esforçado, era o menino que estudava mais que os outros, eu era o honesto, e o que me levou a honestidade, ao fracasso, as falhas, a vergonha, ao ódio da sociedade torta a que vivemos, um ódio que estava na época plantada. E que durante meu crescimento eu iria ver se repetir inúmeras vezes, a verdade que ninguém te fala, e que todos se negam a admitir: O mundo é dos espertos!!!
Na sexta série, quase reprovei, em ciência, não gostava do corpo humano, odiava tudo sobre reprodução, a mente ainda imatura, para compreender o que aprendia, não reprovei porque "devorei" os livros, minha mãe me fez estudar, e como um espinho no dedo, mesmo contra minha vontade eu estudei, memorizou cada palavra, cada virgula, e descobri ali um dom, que iria me trazer gloria e dor: a Memoria Fotográfica!!
Pois bem o idiota, que precisava de ajuda, o tolo, o incompreendido seguia a vida, e quando chegou na sétima série, descobriu que a vida é formada de transformações, cresci como um bambu, em apenas 1 ano cresci 20 centímetros, deixei de ser um dos normais e me tornei um titã, garoto de 13 anos com 1,90 de altura. Um gigante, bobo e alegre, que acreditava na justiça, que acreditava no correto, que acreditava em deus, na humanidade, um bobo alegre, que vivi um ano áureo, na escola competia com os melhores alunos, descobriu na época que era divertido testar os conhecimentos com outros alunos, e o fez por um ano dourado.
Quando cheguei na oitava série, criei meu próprio mundo, criei arte do nada, me divertia muito no dia a dia e deixei o aprendizado de lado, na época graças a memória fotográfica ao ver as aulas apenas de relance conseguia aprender e tirar boas notas, exceto por minha fraqueza, por meu calcanhar de Aquiles, o inglês, não conseguia por na cabeça o uso do inglês, matéria que me faria por anos sentir altas dores de cabeça, eu não via uso no inglês ainda sim era forçado a aprender na escola, algo que demorei anos para aprender e somente nos dias atuais, com a evolução da internet, e com os jogos online, que passei a ter gosto pelo idioma.
Reprovei, aos 14 anos, nem a recuperação me salvou, e eu tive que debandar, sair daquele colégio e ir a outro, o idiota venceu novamente, um somatório de problemas financeiro dos pais mais minha burrice me fez partir para um novo começo. Saí do sobrado que vivia, e fui morar numa casa na periferia, deixei de ser o gênio para ser tratado como imbecil, ouvi um dia meus pais dizerem algo que ainda hoje me tras fortes dores de cabeça e me leva a ter pesadelos a noite:
“ a .... foi a primeira falha, o Hélio Jr a segunda será que conseguiremos acertar na terceira?”, machucado eu vi meu mundo quebrar, cair e fragmentar...