Confissão e ...
As vezes é necessário viver um grande amor para entender como funciona o Universo. As leis invisíveis que regem tudo e todos, que passam imperceptíveis no dia a dia. Acordar, respirar, pensar, falar. Uma infinidade de ações interligadas e ao mesmo tempo divergentes entre si, numa dança cósmica do Ser e Não Ser.
Sou eu, mais um tolo que sofreu com a lavagem cerebral mais imperceptível a nós mesmos, a paixão, um sentimento tolo e talvez necessário, que molda os homens a agirem como idiotas e que muitas vezes surge de falsas reações que nos fazem imaginar algo que não existe.
Somos esperançosos em encontrar o parceiro, ou parceira ideal e por vezes nos apaixonamos pelas coisas mais simples, uma conversa, um encontro indireto de olhares, ou mesmo um acidente o que nos leva a acreditar em coincidências e nós fazem talvez associar a destino.
Mas nada disso existe, pois somos apenas manifestações físicas em um mundo repleto de mentiras, as vezes os mais sábios são tratados como lixo, como ovelhas negras em um mundo onde quem reinam são as ovelhas mais espertas em pele de lobo, pobres seres humanos que caem diante da pressão de todas as formas possíveis de poder e se acham superiores as outras.
Estou aqui, eu vejo o mundo de uma forma diferente, eu quero que as pessoas a minha volta aprendam a ver o mundo como eu vejo, mas o que é necessário mudar para que isso aconteça?
Sacrifícios são necessários, mais quais, acabei de perder alguém com quem tive um sentimento de existência, de não estar sozinho na multidão, alguém que acreditei que via o mundo como eu, que era mais sensível, mais perceptível, que tinha facilidade de ver o que eu via.
Talvez esse sentimento de rejeição que nasceu em meu peito, algo que outrora havia lido, mas até então nunca experimentado, seja a maldita peça do quebra cabeças que me faltava, para dar um passo adiante, para seguir em frente.
Eu me confessei hoje pela primeira vez na minha vida, até então nunca tive coragem de o fazer, oportunidades tiveram, mas eu não me sentia preparado para fazê-lo. Fui rejeitado, das inúmeras respostas que eu poderia receber, talvez o riso inconsciente de deboche foi o que mais me magoou, a minha vida inteira eu sempre segui pelo caminho correto, sempre procurei ver o lado bom, a possibilidade que até então ninguém tinha visto, mas a que isso me levou?
Um homem de meia idade, que nunca experimentou o amor, e talvez nunca experimentará, pois, a dor que sinto hoje, fechou ainda mais o meu coração e me tornou alguém mais amargo, de minha face não saem lagrimas, não saem ações, a vontade de fugir é grande e me esconder em um buraco, de gritar ainda maior, mas o meu coração se desfalece, e uma porta rígida se cria, com pequenas lascas, rachaduras que deixam sair em palavras, escritas aqui, algo que até então eu mesmo desconhecia.
Mas quero e anseio por não pensar mal pois embora rejeitado, ainda a amo, e diria com todas as forças do meu cerne, que a amo, que casaria com ela, que me tornaria o oposto do que eu sou, por ela.
Mas não sei ao certo o que fazer, talvez seja a primeira vez na vida em que eu fui homem em dizer o que eu sentia sem me preocupar com as correntes invisíveis que me trancavam, que me impediam de falar, algo que por varias vezes no passado, me fizeram omitir quem eu sou, em prol de uma regra maior, talvez pelo preconceito da sociedade.
Talvez o que me atinge hoje seja na verdade algo que a tempos evitei, era um covarde que evita se ferir. Homens, mulheres. Humanos que preferem se manter estáticos em seus quadrados de segurança e perdem o anseio de mudar. Para que arriscar se o que existe hoje está bom?
Ainda assim como uma resposta a mim mesmo, eu tomei as rédeas de minha vida e me arrisquei, o prêmio seria algo que até então nunca havia conseguido, mais que uma simples parceira, seria uma companheira, uma amiga, uma confidente, alguém que me ajudaria quando ninguém o fizesse, e embora o medo de me abrir de me mostrar fosse algo que me fizesse tremer, a força surgiu num momento meio oportuno, e eu falei: eu te amo.
Não disse, gosto de você, disso que te amo, gostar é um sentimento temporário, amor é algo construído com o tempo, algo que surgiu de uma paixão boba que mantive em meu peito por alguns anos, cultivando-a de forma indireta, mas que aos poucos me fez aceitar a mim mesmo, estranho não é mesmo? Sou o que sou, e talvez o que me levou a me confessar, fosse o medo de perder alguém querido, alguém com quem gostava de falar, alguém que me fazia repensar sobre minha vida, sobre minha existência nesse mundo.
Eu sei que disse que a amava, mas o carinho dela se provou diferente, e quando ela disse, eu me vejo como sua irmã mais nova, isso mexeu comigo, por um lado em meu peito ruía os anos de esperança que eu nutria em meu peito, por outro lado me fazia acordar para a realidade, dura e cruel, mas eu não consegui digerir, e pela primeira vez na minha curta existência, eu me senti exausto, não consegui pensar, ou simplesmente agir.
Pedi desculpas, e me tranquei no banheiro, sentei no chão e comecei a pensar, porque eu me confessei, porque eu não esperei mais um pouco, e embora estivesse com a resposta diante de meus olhos, preferi evita-la.
Em minha mente eu tinha algo me dizendo, ou vai ou desiste de vez, optei por seguir em frente, por dizer mesmo arriscando tudo, pois para mim era doloroso, ver a linda mulher que ela estava se tornando, e perceber que acaso eu ficasse calado, poderia deixa-la ser tomada por um outro qualquer, e isso me fez ir adiante.
Mas o mundo não costuma girar como queremos, as coisas não seguem nossas vontades, por um lado em mim existe algo me faz pensar cada dia mais na existência do cerne humano, o do porque estarmos aqui? O do porque vivermos em sociedade? Por outro lado, a criança tardia que existe em mim me faz cada dia querer mudar, arriscar, tentar, experimentar, evoluir.
Me sinto cada dia mais como uma criança, que em sua mente, tenta unir as peças desse quebra cabeças, que existe e inexiste, e sei que nesse momento me sinto quebrado, embora viva, sou obrigado a seguir em frente.
E eu paro e tento refletir, o que fiz de errado? Um lado de mim me diz para crescer para tentar me vingar, para mudar a mim mesmo, fazendo a se apaixonar pelo novo eu, criando um abismo tão grande que a faria seguir a vida toda por minha sombra, esse desejo é real mas ele entra em conflito com meu outro lado, a criança pura que existe em mim, a criança que acredita, que espera, que ouve, que diz não faca isso!! A criança que me mantem de pé hoje, num novo dia, horas após levar o fora, e eu me pergunto, que caminho eu devo seguir?
Ainda sim eu paro, suspiro, e continuo a viver, posso optar por dois caminhos, mas minha criança interior, ainda nutre amor por ela, o que pesa em me fazer desejar lhe o bem, minha criança interior, me diz para mostrar o que escrevi para ela, mas o medo de me ferir novamente é maior.
O que eu faço agora? Tento me entender, o do porque estar virando a noite, tentando juntar em palavras escritas o que não consegui falar, tentando transmitir algo que eu poderia dizer com poucas palavras, mas palavras difíceis de dizer:" eu te aceito!!".
Aceitação no estimulo de entender, de aceitar as outras partes que compõe o cerne de cada um, aceitar os pontos fortes e os pontos a se melhorar, aceitar que nunca conhecemos tudo sobre os outros, ainda sim amar o lado mais sombrio ou oculto, aceitar que somos errados, e ao mesmo tempo certos, aceitar que tudo gira num compasso como o de uma partitura, que as vezes desconhecer outros lados de uma pessoa, e ainda assim aceitar e assimilar aquele lado, talvez seja isso o que seja o amor.
Os jovens associam o amor, ao desejo carnal, eu já passei dessa fase, acredito que amor esta aquém das relações carnais, acredito que amor seja algo aquém de difícil compreensão quando eu digo eu te amo. Não jogo palavras ao vento, eu digo que te respeito, que te aceito, e que estou disposto a te conhecer, a descobrir com você o seu cerne.
Eu sei, que somos todos humanos, e que a comunicação é essencial, pode parecer falho, eu não conseguir demonstrar alguns sentimentos, mas não quer dizer que eu não sinta, apenas o meio me fez assim, eu tranquei me meu cerne, a dor, decidi não chorar a anos, quando estive em um momento de tentar resolver algo que existia em mim, quando eu me descobria.
Antes era muito emotivo, agora sinto poucas emoções, talvez no jogo razão x emoção, minha razão tenha vencido a muito tempo ainda sim, não sei ao certo o do porque eu falei. Mas saiba que eu não me arrependo de nada que eu disse, pois do fundo do meu cerne eu sei que eu te amo.