Um santo canalha
Um santo canalha (ou um canalha quase santo) é o tema desse ensaio modesto que a alma criativa insiste aos gritos fazer crer que na ficção alguma coisa é verdade ou quase isso. Na realidade na ficção, a verdade é que, um canalha aos olhos de uma mulher doce e apaixonada, embevecida com lembranças recentes de seu tumulto de orgasmos, sonhos e prazeres pode perfeitamente parecer quase um santo. Até mesmo por conveniências escusas, a máscara arquetípica descrita na tese da esfera psicóide, do Dr. Carl Gustav Jung pode perfeitamente materializar essa ilusão. Por outro lado, aos olhos dessa mesma mulher decepcionada, ferida, triste e carente, ou até mesmo por conveniências escusas, a mesma máscara descrita por Jung pode fazer de um santo um elemento quase canalha e assim aprofundar seu despudor até uma condição abominável. Uma maneira de dominar isso é aprender a sufocar os gritos da nossa alma criativa, sempre que tivermos dúvida sobre a verdadeira leitura que ela faz da vida. Seguindo as palavras de outro sábio, esse ainda vivo e atuante, Dr. Daisaku Ikeda filósofo, escritor e pensador japonês, o melhor é cultivar o hábito de só falarmos quando tivermos certeza de que a nossa palavra é melhor do que o nosso silêncio.