INVASÃO DA FORTALEZA
Vive, num cantinho da roça,
Um rato de má carantonha
Enquanto o gato se coça
Ele devora o milho da pamonha.
Limpa os bigodes na palha
Deixando os sabugos no chão,
Ri da vigilância que tem falha
Do felino guardião.
Corre pra sua pequena toca
Pra dormir empanturrado,
E a pauladas a mulher toca,
Do milharal devastado,
O gato que não serve pra vigiar.
Só pensa em comer em demasia,
Lamber-se e dormitar
E agora de barriga vazia
Terá de miar em outra freguesia,
Sempre fugindo de coça
Igual a que lhe deu a Maria.
Será motivo de troça
Entre os gatos da redondeza
Contando a história do rato
Que invadiu a fortaleza
De um descuidado gato,
Hoje perambulando sem tino
À procura de casa e comida,
Desde que não tenha rato cretino
Pra atucanar sua vida.
Maria Hilda de J. Alão