A ESCALADA

(Autora: Luciane Mari Deschamps)



Viver é como escalar uma montanha. Ao se deparar com a íngreme subida, vê-se um pequeno e estreito caminho a ser percorrido sozinho. Durante a caminhada, é necessário remover pedras, galhos e troncos que impedem a passagem. O esforço acontece a cada passo.

Nos dias de sol e no frescor da manhã vindoura, caminhamos um longo trecho sem sentir. A alegria nos dá a energia renovada de que precisamos para seguir em frente e segue-se adiante como se nada nem ninguém pudesse nos impedir de alcançar o pico no final do trajeto.

Há, porém, dias de maior sacrifício. Dias de chuva, frio, tempestade e muito cansaço. A esperança de chegar ao final esmorece e o pedaço de caminho que falta parece ainda mais comprido. É difícil nele caminhar. Paramos com o intuito de desistir. Dói o corpo e a alma. Falta fôlego. O pico da montanha, neste momento, parece muito mais distante.

Os dias passam diferentes, num sobe e desce de emoções. Diante do objetivo de escalar, precisamos seguir apesar dos obstáculos e problemas que surgem.

É possível visualizar, no caminho, pequeníssimas flores e o perfume que delas exala suavemente no ar. Há o som de pássaros ou de grilos, dependo da hora do dia ou da noite. Voam pirilampos, coaxam sapos. Tudo torna-se uma harmoniosa melodia. Respiramos, suspiramos, gememos, choramos, sorrimos, enfim, vivemos e precisamos chegar ao topo da nossa montanha.

Às vezes, olhamos para o caminho que ficou para trás e sentimos saudades do que vimos e sentimos. Porém, temos que seguir adiante, pois aquele é um trajeto único que se faz a cada passo dado.

Chegar ao pico desta montanha é o desejo daquele que escala e faz a caminhada. O que lá encontraremos? O que veremos? Será que valerá a pena? O que sentiremos quando não tivermos mais nenhum passo a dar? O que faremos depois de chegar? Quem ou o que estará nos esperando?

Apesar das dúvidas, queremos chegar lá, no pico da nossa montanha para dizer: "Eu vivi as emoções de ter escalado e visto o que precisava ver.Vivi o caminho que tracei."