NOITE
Chega à noite,
descem as sombras
após o pôr do sol,
aos poucos,
muito lentamente,
cala-se a sinfonia do dia
e começa a sinfonia da noite.
É a hora da brisa
que sopra ligeira,
mansa,
afagando as folhas
do fim da primavera.
Há grilos namorando
nos gramados molhados
pela chuva passageira.
Ah! Uma estrela se acende,
então, outra e outra,
e outras mais
tingindo o céu de dourado.
Órion se ergue
imponente
no horizonte,
na sua eterna
perseguição
ao escorpião fugitivo.
À noite
dita o ritmo,
na hora sagrada dos amantes,
na hora dos beijos,
às vezes,
roubados,
outras vezes,
oferecidos.
Noite! noite! noite!
noite de amores,
amores que misturam
perfumes,
sabores,
paladares,
sussurros,
gemidos.
Noite! ah! madrugada,
agora a nudez
é a roupa que se veste,
o cheiro do cio
é o odor gostoso
que se respira.
Até que o gozo traga
para nossos corpos suados
de tanto amor,
todo o esplendor
do amanhecer,
adormecidos enfim
nos braços
de quem se ama.