COPA DO MUNDO
Está chegando.
Mais uma copa do mundo chegando, já batendo na porta e no coração de quase todos nós brasileiros e a cada dia mais forte. Mais constante e mais forte. E quando chegar o dia, vai bater na boca. Já estou imaginando o dia do primeiro jogo do Brasil. A expectativa crescendo, as cidades frenéticas, gente apressada para todo lado. As salas decoradas, pipoca, bolinho de chuva, bandeiras; depois, jogo iniciado, ruas vazias, calçadas livres e as casas cheias.
Copa do Mundo. O maior evento esportivo do mundo. Para nós, brasileiros, a copa do mundo tem significado ainda mais importante. Muito mais. O futebol é nosso orgulho e com uma representatividade muito maior do que normalmente as pessoas se dão conta.
Somos um país errante. Somos vistos pelo mundo como um país pobre, de divisas, de cultura, de valores, ainda somos meio índios e toda mazela com que os olhos do mundo nos vêem. Povo subdesenvolvido, economia extrativista, devastadores da Amazônia, etc. e tal. Nós mesmos, ficamos em todo momento nos subjugando, enaltecendo outros povos, outros países, em prejuízo aos nossos próprios valores.
Indiscutivelmente, admitamos, ainda temos uma identidade vergonhosamente frágil como brasileiros. Por todo lado encontramos brasileiros se sentindo mais alemães, outros tantos mais italianos, muitos outros mais isso ou mais aquilo. E quantas vezes vejo a expressão “brasileiros” como sendo menção de menosprezo as pessoas menos “nobres”. Talvez todo esse sentimento ainda seja tão forte, porque ainda somos um país menino e nossa identidade ainda está em formação.
Falta-nos ainda uma identidade patriótica forte, assumida, um sentimento de orgulho nos enchendo o peito, o coração; um sentido de irmandade que faça com que, de fato, possamos constituir uma nação forte, fraterna. Ainda temos essa nojenta segregação regional, dos sulistas, dos nordestinos, e outros regionalismos bestas que nos dividem e nos dispersam tanto.
Mas a Copa do Mundo nos redime. Quando chega a Copa do Mundo, daí sim. Daí nosso país se une e forma uma nação onde a irmandade bate os corações em harmonia. Todos se sentem brasileiros de verdade, esquecem-se as diferenças regionais, as segregações sociais, as descendências culturais de outras nações e ascendem-se as luzes do orgulho, cresce a auto-estima, cresce a brasilidade em todos os corações, bem do jeito que deveria ser sempre. Todo dia, todo tempo.
Claro, foi através de futebol que tivemos os primeiros sentimentos de um povo forte. De um país superior a tantos e tantos outros. Foi através do futebol, que pudemos sentir o gosto de sermos melhores que tantos outros. Através do futebol tivemos a oportunidade de usufruir do sentimento de um povo efetivamente irmão, unido em uma causa, em um orgulho comum.
Foi e tem sido através do futebol, que conseguimos esquecer esse mesquinho sentimento idiota que nos perturba todo o tempo, de que somos um povo subdesenvolvido. Que seja, pois, através do futebol que a gente vá experimentando esse sentimento de orgulho, de irmandade, de reconhecimento de todos os nossos valores. Que seja através do futebol que a gente vá amadurecendo como nação, como irmãos de pátria, de bandeira, de cultura e de valores. Que o futebol vá nos amadurecendo e que a gente vá aprendendo esse gosto doce e motivador de se sentir grande, forte e unido. Mas tomara que essa aprendizagem seja mais rápida, pois, 1.500 anos já é tempo suficiente para que a gente já tivesse mais evoluídos nesse sentido.
Por tudo isso é que a Copa do Mundo é tão mais importante para nós brasileiros Significa bem mais que o maior evento esportivo do mundo. Significa o evento que nos permite saborear o sentimento de um povo unido, imanado, orgulhoso e com identidade afinada, una.
Que curtamos então a Copa do Mundo. Que o orgulho do brasileirismo nos faça evoluir como povo e não apenas como “bons de bola”.
EACOELHO