DIA DE SORTE
Quando a porta se abre
e você se revela
na penumbra de luzes de velas,
vestindo lingerie toda branca
e véus esvoaçantes,
sei que estou no meu dia de sorte.
Quando teus lábios
carnudos e vermelhos,
se misturam com o tinto
de um copo de vinho,
e fico com sede de beber
na tua boca,
sei que estou no meu dia de sorte.
Quando minhas mãos
te despem dos véus,
e tua calcinha rendada
desce pelas coxas,
sofro de hipnoses múltiplas
com tua nudez,
e sempre que o coração dispara
como se fosse à primeira vez,
sei que estou no meu dia de sorte.
Quando nossos corpos
se surfam fazendo amor,
e deixamos que nossas
bocas,
línguas,
e sexos
desenhem hipotenusas imaginárias
atravessando fendas e picos,
sei que estou no meu dia de sorte.
Somos encaixados
por ângulos perfeitos,
possuídos pelos mesmos gemidos,
guiados pela mesma paixão.
Somos amantes e cúmplices
dos mesmos desejos,
quando nossos gozos explodem
em jorros e orgasmos incandescentes.
E antes que você adormeça
ouço teu sussurrar baixinho
em meus ouvidos:
– Esse foi mais um dia de sorte...
E eu quase adormecendo também,
sussurro baixinho
em teus ouvidos:
– Sabia que seria mais um dia de sorte...