O QUE VALE MESMO É A FÉ
O QUE VALE MESMO É A FÉ
Leopoldo um homem simples, nunca havia saído se sua pequena cidade de aproximadamente 3.000 habitantes. Criado na roça e com pouco estudo, raramente saia de sua casa até mesmo para ir ao centro da cidade.
Devoto fervoroso de uma santa, no dia que completou 60 anos recebeu de seus seis filhos uma passagem de ônibus que faria excursão para a cidade que levava o nome dela. Sua ansiedade era tão grande que mal dormia a noite aguardando o tão esperado dia, assim via televisão até altas horas.
Em uma delas, presenciou que milhares de pessoas transportavam a tocha olímpica, que passava de mão em mão. Foi ai que teve uma ideia que mudaria a tranquilidade de toda sua pacata cidade.
Leva na viagem uma lamparina e velas de pequeno porte. Sua intenção era e com muitas dificuldades no transporte, consegue trazer para sua casa já em sua volta a chama das velas e lamparinas que acendera na vela que estava comburindo aos pés da Santa.
Ergueu nos fundos de seu sitio uma pequena capela e mantinha sempre acesa algumas velas com o fogo inicial conseguido na viagem.
Certo dia o prefeito de sua cidade tomou conhecimento deste fato, e resolveu capitalizar em seu favor a fé de Leopoldo.
Combinou com seus filhos que estudavam em outra cidade, que por alguns dias alternados seus colegas de escola viessem visitar a pequena capela de Leopoldo, sempre apresentando antes e de forma que toda população vissem os rapazes e suas enfermidades, e que estes fossem visitar a capela quando esta estivesse com boa frequência e simulassem uma cura.
Foi o que bastou, em menos de um mês, o numero de fieis que passavam visitar a cidade e a capela fazia com que o numero de pessoas na pequena cidade dobrasse. O comercio, bares, restaurantes, e hotéis estivessem permanentes com grande movimento, gerando para a cidade impostos e tributos e esta sempre fora a intenção do prefeito quando armou toda essa trama.
Curiosamente algumas das pessoas que visitavam a capela de Leopoldo até afirmavam estar em melhoras, e a burla inicial passa a ter adeptos fieis.
Dois meses depois, com a cidade em franco desenvolvimento presencia uma cena que iria confirmar definitivamente o poder de cura do fogo das velas de Leopoldo.
A primeira dama Josefa, sabidamente por todos, havia sido acometida da síndrome do pânico, e jamais deixava sua suntuosa residência situada no centro da pequena cidade. Os moradores já havia até esquecido de como era o seu rosto, dada à reclusão que vivia.
Foi quando ela pediu aos seus filhos, os mesmos que haviam participado da trama elaborada pelo pai, que acendessem uma vela nas chamas oriundas da vela da Santa.
Os rapazes sabiam que aquilo tudo fora uma trica uma marosca, mas concordam em atender ao pedido da mãe.
Saem de casa, fazem um passeio pelo centro da cidade, e ao voltar para casa já na porta acendem com um fósforo a vela destinado a sua mãe.
Josefa de imediato leva essa vela até seu quarto, e inicia fazer orações. Duas horas depois, os rapazes que haviam voltado para a praça da cidade veem sua mãe andando por ela. Espantados, incrédulos, pasmos, dela se aproximam e indagam o que havia ocorrido.
Calmamente a mulher explica que havia sido atendida em suas preces.
Os rapazes tentam dizer a ela que nem mesmo o fogo da vela que ela havia recebido deles era das velas de Leopoldo.
Nesse momento ela visivelmente feliz e curada diz a eles.
O que me curou foi a minha fé, não o fogo da vela.
FIM
Por Tito Cancian – - italianodeoderzo@hotmail.com