Efuturo: Crianças

Crianças

Crianças

De uma inocência tão sua,
Inadvertida crueldade,
Como a noite expõe a Lua
Fala a criança a verdade.

De sorrisos inocentes,
Vão orgulhando os seus pais,
Que com olhos reluzentes,
São golfinhos em mortais.

Que guardiões da justiça,
Inspectores de pormenores,
Com uma astúcia castiça,
Andam eles nos seus labores.

As crianças são o Mundo,
São o mar, a terra, o ar,
São o olhar mais profundo,
Seu mais belo respirar.

E quão vil e desumano,
É uma criança magoar,
Religioso ou profano,
De quem desconhece o amar.

Um arco-íris cobrindo,
O algodão doce na mão,
A criança vai sorrindo,
Tem alegre o coração.

E quem rouba a infância,
De uma criança tão casta,
Merece pena de morte,
Pena mais branda não basta.

No infantário da vida,
Repugna-me, mete-me asco,
Crianças postas em perigo,
Morte em Allepo ou Damasco.

Com escudo de um sentimento,
Pelo Mundo partilhado,
Que lhes sorria o futuro,
Que enterrem o passado.

E num voo salvador,
Numa bem-aventurança,
Que se afaste todo o mal,
E se salve uma criança.

José Ribeiro