A Carta do Adeus
Era tao forte, como uma voz que não cala,
Era enorme, um universo sem escala,
Causou desnorte, sem esse colo que embala,
Ficou o corte, de uma paixão já sem fala.
E na dor de ver partir, nessa noite quase dia,
Não adianta fingir, nesta cama ora vazia,
Que de já não te sentir, e sem truques de magia,
Me devolve o teu dormir, torna a doença sadia.
Neste sentido amplexo, que abraça a despedida,
Pode parecer complexo e paradoxo da vida,
Que um espelho sem reflexo, reflicta angústia vivida,
Neste leito já sem nexo, neste leito da partida.
Será eterno o sentir, deste romance fugaz,
Que sem querer te viu partir, nunca olhando pra trás,
Confesso estar infeliz, e se a ti tanto te faz,
Que Amor tão infeliz, que sentimento mordaz.
Um piano já sem cauda, toca num espaço sem luz,
Nas velas de um sentimento, que vão cravando esta cruz,
De não ter nenhum alento, nenhuma alma seduz,
Este sufoco e tormento, já sem nossos corpos nús.
Escrevo-te sem enviar, palavras duras de AMOR,
Escrevo para relembrar, a tua chama e sabor,
Escrevo por ter amado, antes de tu teres fugido,
Escrevo sem ter falado, de um sentimento vivido.
Mas a tinta se esvaiu e fez o sangue jorrar,
Sem amor correspondido, sem donzela para amar,
Queda o sonho vivido, já sem teu corpo mirar,
Já sem chão, nem ombro amigo, resta o sonho de sonhar.
José Ribeiro