Deixe-me encontrar-me.
Apenas abri os olhos e ele ainda estava lá. Seu sono era profundo, o que já era de se esperar depois de um dos dias mais cansativos que já tivemos. Levantei da cama, tentando ser o mais cuidadosa possível para não acordá-lo. Me arrumei, decidindo partir naquele mesmo momento. Talvez fosse covardia, mas eu não tinha coragem de dizê-lo a verdade assim, logo de cara... logo depois do que rolou entre nós. Escrevi uma carta. Talvez fosse menos pior, receber a notícia por mim de uma forma não tão direta.
“Me desculpa ir embora assim, sem nem ao menos avisar para onde fui. Não queria partir e te deixar partido, mas não tinha jeito melhor de deixar uma marca na sua vida. Eu sou um furacão mesmo, chego levando tudo pelos ares e vou-me deixando todos os destroços espalhados pelo campo. Não queria que fosse assim, queria sim que fosse calmaria, rotina e segurança, só que as mudanças dentro de mim ocorrem rápidas demais para você suportar. Me desculpa por ter vivido os melhores momentos e ter ido sem prazo de volta. Mas eu juro, eu volto quando me encontrar.“
Enfiei-a em um envelope que estava na minha bolsa e o deixei em cima da cômoda do quarto. Olhei pela última vez para ele... aquele momento doeu. Doeu ter que abrir mão de tudo. Doeu ter que abrir mão de nós. Com o coração nas mãos atravessei a porta, e nos meus pensamentos, o disse: “isso não é um adeus, é apenas um até logo, eu juro“.