GÊNESE
A folha de papel pariu uma linha,
um nascimento cru, sem choro ou canto,
sem batismo, sem sonhos, sem um pai
nervoso, charutando os seus pulmões ...
A linha me encarou meio com medo,
insegurança aberta às descobertas,
e quis engatinhar no vazio branco,
o vastíssimo branco do papel ...
... deixei ... e ela, menina brincalhona,
soltou-se, com mil olhos e desenhos,
com as mãos espalmadas em mil cores.
Ela inundou seu mundo de alma e luz ...
E, decomposto o branco num arco-íris,
a linha fez, num canto, um poema em êxtase.
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