PREMONIÇÃO
Cartas que abrigam olhos – verve mágica
de arcanos recontando o que não sei,
destinos capturados num relance
contradizendo o espelho, em descompasso.
Livros, e babilônias, e babéis
falam algum latim que não entendo,
vozes antigas – múltiplo reflexo
da criação divina, em movimento.
Às vezes reconheço sinais, vejo,
posso trilhar sem medo as linhas tortas
que a vida toma, tempo de clareza,
rara navegação entre recifes.
Mas quase sempre sigo na ignorância,
abençoada ignorância sem faróis ...
(Parte do livro "Alguns sonetos que fiz por aí ...", de William Mendonça, disponível para download gratuito em www.williammendonca.com. Direitos reservados.)