OPOSTOS
Eu, no ponto mais nórdico do sonho,
congelado num sórdido encanto.
Tu, rumo à terra sul, rumo ao pranto
- teu olhar renegado e tristonho.
Eu, no solo mais pobre, frio de espanto,
semeando os barbarismos que componho.
Tu, rumo ao espaço, outro canto
afinado nos sons de que disponho.
Eu, no lado mais negro do teu mundo
corroendo os ventos, pronto a me destruir.
Tu, rumo à outra noite, outra porta ...
Eu, no espelho mais falso, me confundo
sorvendo teu sagrado elixir.
Tu, rumo à morte, quanto a luz me corta.
(Um soneto antigo, para novos leitores. Direitos reservados. Visite www.williammendonca.com.)