ÉSQUILO - O homem que inventou o teatro no Ocidente
Se a alguém pode caber o título de criador do teatro na Civilização Ocidental, esta pessoa certamente é Ésquilo. De fato, já existiam encenações e disputas dramáticas antes dele, mas Ésquilo – nas palavras de outro gênio, Aristóteles – foi o criador da tragédia grega e, com suas inovações, plantou as raízes do teatro que fazemos até hoje.
Nascido em Elêusis, no ano 525 a. C., Ésquilo era filho de família nobre e antes do apogeu de sua carreira artística chegou a lutar na guerra contra os persas, participando da histórica batalha de Maratona. Já por volta de 500 a. C., Ésquilo participava de concursos de poesia e teatro, que eram realizados periodicamente. As vitórias levaram quinze anos para acontecer, mas tornaram-se uma constante na vida do dramaturgo. Por dezenas de vezes foi premiado e aclamado vencedor pelos atenienses.
Apenas sete das 90 peças que, ao que se sabe, foram escritas por Ésquilo chegaram aos dias de hoje – “A suplicante”, “Os persas”, “Os sete contra Tebas”e a trilogia “Oréstia” – composta pelos dramas “Agamenon”, “As coéfaras” e “As eumênides”. O fio condutor sempre gira em torno da fatalidade agindo sobre o homem através da interferência dos deuses e da força das paixões. Aproveitando-se do regulamento dos concursos teatrais da época (em que os autores apresentavam, em um mesmo dia, três tragédias e uma peça cômica), Ésquilo passou a interligar por um mesmo tema as tragédias sendo, portanto, o primeiro a compor trilogias.
Entre as inovações criadas por Ésquilo, algumas são básicas no teatro como é praticado desde então: os diálogos, a criação de cenários e o silêncio como recurso dramático. Ele também valorizou a ação e o movimento cênico, deu expressividade às máscaras utilizadas nas encenações (algo que foi retomado pelo teatro de Artaud) e utilizou máquinas cênicas. O autor levou ao extremo a idéia da catarse – a sensação de alívio do público diante do sofrimento do herói.
Em 468 a. C., Ésquilo foi superado por Sófocles – um autor 30 anos mais jovem – e, inconformado, mudou-se para a Sicília, onde foi acolhido como uma celebridade pelo rei Hierão. Morreu em 456 a. C., e seu túmulo transformou-se em ponto de peregrinação na cidade de Atenas. Coube a Ésquilo a honra de ter uma estátua no templo de Dionísio, deus grego ligado às artes cênicas, e de ter suas peças encenadas à custa do estado após a sua morte.
(Parte da coletânea "Gente de Teatro", de William Mendonça. Direitos reservados.)
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