Efuturo: AOS ABUTRES

AOS ABUTRES

Devo o preço de sempre aos abutres
- porque assim reconheço amplas fraquezas.
Se eles dominam, ávidos, o vento,
tenho a dor de quem voa com limites.

Mas os abutres, sei, não são eternos
- nem sequer aves nobres ou sagradas.
São seres que destróem as esperanças
e não se afastam nunca do que invejam ...

Pouco de mim é bom o suficiente
para ser poeta, pouco vale à pena
- pouco de mim merece a luz que vejo.

Mas os abutres, sei, não são perfeitos,
nutrem-se dos infernos cancerosos
- tiranos frágeis, prestes a cair ...


(Direitos reservados ao autor. Parte da coletânea "Alguns sonetos que fiz por aí ...", disponível em e-book. Download gratuito em http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/2570211)