SONETO DE ANO NOVO
Encontrei num estranho interlúdio
o Eu-passado, menino, dando passos
ecoados no nevoeiro de algum poema,
cruzando um istmo absurdo ao céu futuro ...
Mas não havia cavalos no futuro,
nem casas com quintal, nem lendas poéticas;
encontrei-me pisando a terra seca,
sorrindo trapos sujos de lembranças.
Mas não havia presente nem passado
no futuro daquele Eu-menino;
encontrei-me calado num soneto,
lendo as palavras mortas do meu tempo.
Mas não havia poesia; acordei triste ...
Era Ano Novo, e só havia vazio.
(Publicado no site www.williammendonca.com em 31/12/2008)