Quando vim
Quando vim o céu era mais perto
a rua mais deserta
se havia sol era festa.
E cresci sem muito riso
chorava muito por todos
senti-me sempre em perigo.
Mas o céu era mais perto
passarada mais feliz
e eu, acho que mais atriz.
Foi difícil disfarçar certa tristeza
representar indiferenças
ser criança infeliz.
Mas o céu era mais perto
Deus no olhar do primeiro amor
para então nascer a dor.
Aí notei a distância entre o céu e eu,
a vida injusta
estrelas diminutas...
prédios encobrindo o sol,
as arvores meio tombadas,
a passarada mais calada...
Amadureci assim, meio sem vida,
desiludida, pavor de escuros,
desgostando de quase tudo.
E quando perdi a família,
decresci e fui ao fundo
de um poço sem volta.
Distante do céu,
longe de mim,
medo do mundo.
Suzette Rizzo