Estranha inquietação
Minha preocupação e minha raiva
é o poema que não sai.
Envolvo-me no tema
e o tema envolve-me de receios,
quero tomar o corpo dele
e com minha alma escreve-lo.
Minha inquietação, são os versos
mal construídos, pouca rima,
às vezes contra gosto,
exagerada,
até o fim apreensiva, pensativa,
numa espera dilatada.
Minha ansiedade
é a genealogia do poema,
que nasce da raiz
e empaca muitas vezes
na fase matriz.
Meu amor é o poema,
analgésico e delírio...
Paixão avassaladora, constante,
abraço que reclamo, cobro,
vazio que atrai a necessidade
de escrever coisa qualquer...
que às vezes também jogo
no cestinho de papel.
Suzette Rizzo