A poesia do vazio
Seria evitável acordar do sonho amargo
tão desesperada,
se antes tivesse aberto os olhos.
Mas tua aura ofuscava dourando a praça,
ao som daquela melodia...
e eu, tão necessitada de alegrias e paixão
dei-me ao sonho, no primeiro dia.
Depois, meu caro, os dias passam,
os sentimentos dão cria,
e o peito explode em ânsias malucas,
que nem Freud explica.
Depois, é sempre tarde para o recuo,
sempre desastroso o final
sempre, em todo caso de amor,
invariavelmente igual.
Não é simples como o desmanchar
a barra da saia,
lavar os pratos do jantar...
não será nunca tão simples
aceitar o desamor
ou da noite para o dia desamar.
E eu, como mulher igual as outras,
sedenta de um par,
encontrei o pote de mel
no teu arco-íris,
esperando ser feliz.
E fui!
Inebriantemente entregue
às doçuras do começo...
e esse começo ai, ai, sempre tão doce,
que diante àquela leveza, pensei comigo:
'nem mereço'
Até que a sorte se perdeu
pelos bueiros das coisas findas
e, até hoje,
tento exorcizar-te dos meus anseios,
e não consigo... não consigo!
Suzette Rizzo_December 31, 2004