A poesia do pensamento
O pensamento cria a palavra
e a alma faz poesia...
Por isso afundo-me na essência
e trago de lá minha cria.
E vejo nos pássaros o poema,
sou um deles
por entre as árvores,
beijando as flores
com olhinhos assustados,
notando o tamanho dos seres
depredadores.
E sinto-me um cão, um gato,
temendo o ser planetário.
O que farão, quem serão eles?
Porque tão pesados,
de pés assustadores,
num repente em meu pulmão
e eu pelos ares.
E sou agora um animal de grande porte
e penso ser tão forte
que nem me preparo ao bote
para defender-me...
mas esses seres armados, impiedosos,
estão sedentos da minha morte.
E também sou indefesa flor miúda,
paralisada,
gritando sem que alguém ouça:
-Acabo de nascer, não me matem!
Mas, estou à mercê do homem
que não sabe,
venho da terra viva
como tudo que nasce.
E assim vou indo;
sentindo a dor do mendigo,
do velho deixado no asilo,
da criança abandonada
com seus sonhos desiludidos,
impossibilitada de respostas,
entregue ao mundo esse padrasto,
fazedor da marginalia.
Não há o que eu não sinta
sem ao menos ser atriz.
Incorporo o sofrido e o feliz,
arrancando de mim
a força motriz
para expor o meu amor.
Tenho um mundo cá dentro,
esse incompreendido,
inaceitável...
copia do grande carbono do infinito,
universo bom e mau
ternura ou canibal.
Para entender, cresci e preparo
meu futuro...
Serei mais,
agora que o primário é passado
e concluo mais um degrau,
do ciclo em ascensão
deste meu ser plural.
Ser poeta significa saber sentir,
consentir a alma que venha à tona
liberada completamente.
É saber colocar p'ra fora
o lado frutificado pós estágio,
aprisionado por eles,
os duros e incultos
das coisas do coração.
Sou poeta sim!
Porque meus pensamentos
cantam
o panorama da vida
e a alma escondida.
Suzette Rizzo_March 14, 2002