Efuturo: ARRANJOS

ARRANJOS

Juntar o que se quebrou.
Preparar o reparo automático.
Restaurar o pneu
porque o negro da borracha assim permite.
E pensar:
o melhor sempre ocorre,
se eu definir ser esta regra
uma medida de perfeição,
uma questão do que é preciso.
O contrário, em oposição, puxa para baixo
e fere um coração esperançoso.

Mas vou colar os cacos do perdido.
Adicionar o sol ao dia frio.
Perdoar aquilo que já foi terrível,
tudo em busca do que será primoroso.
E não esquecerei,
o melhor deve parecer óbvio,
pois o oposto incomoda.
Se eu pensar que poderia ser pior,
cessará a gratidão que vem
dos dias lindos e negros e azuis.

Não cuidar do que é bendito então.
Não montar o que está inacabado.
Deixar no infinito o exato
para morrer interrompido.
Não é assim que se pensa.
Pensarei então:
o pão nosso de cada dia
me livrará de todo mal,
dentro do amém que arranjarei.