Obliquidade
Estou contando o tempo...,
mas sem saber se devo o tempo contar.
Ao menos não dessa maneira;
não com essa perspectiva...,
não com esse jeito de esperar...,
não com essa vontade
de que tudo seja o que quero que seja.
Foram muito encontros,
foram muito desencontros,
e o que parece ser firmar é o desacordo;
o dissenso; a inconciliação; a inarmonia;
pois que a discordância semelha prevalecer!
Nada ficou firmado;
nada ficou de todo acertado;
nada ficou pactuado;
pois que ao findo de tudo,
ou o que pareceu o “findo de tudo”,
ou o que pareceu nada se efetivar...,
deixou no ar uma promessa muda!
Será que devo persistir e o tempo contar?,
posto que são grãos de areia, dessa frouxa ampulheta,
que parece me escapar pelas frestas do querer.
Será que minha perspectiva é vazia
e prossigo à toa contado o tempo
que me foge pelas frestas do esperar?
Esse tempo, que é angustioso no expectar,
tem tempo para se findar
ou se findou e eu – nesse louco esperar–
não me dei conta de que isso se desfez?
Tudo está resolvido do jeito que está??
Será??
Ou tem outro viés??