Efuturo: Desdém

Desdém

Eremita

Vou morar a beira mar,
Me tornar um eremita,
De tudo vou me afastar,
E que meu coração não me siga.
Para trás ficam pensamentos,
Ficam antigos sentimentos,
A solidão, meu rastro imita.

As mágoas comigo trago,
Já que não as pude desvencilhar,
Agarradas na alma feito um fardo,
Arcando meus ombros, até me dobrar.
As marcas e cicatrizes,
Dos desamores e deslizes,
Também não as pude deixar.

Meus olhos vou fixar,
Além do horizonte,
Sei lá o que,buscando enxergar,
Tentando ir, não sei pra onde.
E quanto mais eu lhe estendo,
Menos de mim compreendo,
Cada vez mais,sinto me longe.

Nada mais quero,
Nada mais busco,
Quem sabe, o ponto zero,
Quem sabe, construa um muro.
Uma barreira mental,
Onde o humano e o animal,
Possam viver juntos.

Onde não hajam cobranças,
Injustas sentenças,
Onde não hajam alianças,
Que sempre nos vençam.
Onde não hajam batalhas desiguais,
Onde tanto faz,
Se recuas, paras ou avanças.


Ladislau Floriano.