Como poderia ser?!
Um tempo desproficiente,
achavascado e, ao que perece,
estulto de muito!, nem se toca.
Passa, desavergonhadamente,
como querendo a tudo mirrar!
E consegue.
Não sei como, mas consegue.
Lasca com tudo e com todos,
enferrujando e escrachando
e escancarando o envelhecer.
Faz minguar as forças,
daqueles que tem forças.
E dos que pouco vigor tem,
os faz refém das inusitadas inépcias:
os que são privados de ânimo;
os que lhes faltam frescor e viço;
os que tem sequidão no existir;
os inaptos e palermas e parvos...
Estupidez vã,
dos que ousam contraditar o tempo.
Melhor ser apaziguado que bravo.
Espernear só o faz ser ele, mais rábido.
Melhor se acrisolar e bem viver
e viver como se cada dia fosse único;
como se cada dia fosse o último!
Que cada dia seja sorvido com gosto!,
e que seja insigne, mais e mais,
a cada dia de existêncialidade!