Me é tão estranho...,
olhar você,
sem poder olhar você!
Soa como castigo.

Soa como punição,
ao que nem mesmo sei porque hei de ser punido!
Será que foi o que?,
que fiz de tão sinistro,
de tão mísero,
de tão nefário? ...

Eu com o olhar perdido
e você envolta em burca,
tal bruma que me faz cegado!
Miro em nada
o meu contemplar vago!
Penso em nada
pois meu pensar é tal qual tolhido,
como tolhido é meu apreciar!

Será você,
real?!
Será você,
apenas a sombra do mascarar-se?!

Será você,
inteira,
ou lhe falta algo mais
que o simples embaraço de ser olhada?

Será você,
intrigante,
tanto quanto é intrigante
o seu desviar-se dos meus olhos?

Não passa de um denso mistério!
Não és nada mais que um enigma!
Mais parece Medusa!
Será que vou virar estátua de pedra
ou estátua de sal?
Ou que esculpido será?!