Traços da vida
Conheço bem a vida
e as suas sombras fugidias!
Cada palmo desse existir,
me é tão de muito íntimo
que o vejo nos meus devaneios
como que vendo alegorias.
Até dá nó na guela, só de pensar!
E palmo a palmo,
catando frouxos e finos entulhos
em monturos de certezas,
vou sendo invasivo e invadido
pelo ruinoso da existência!
Mas sabemos sim!,
dessas pequenas tramas e trapaças,
que tem sutileza de um trem,
escaralhando o existir!
Mas fazer o quê?
Se deixar levar pelo desespero?,
ou ser mais argucioso e mais atilado?
O enganoso e pensar-se deus!
Não há que danar-se afoito:
pois que, um pouco mais adiante
se esbarra em pororocas e,
por não ter nenhum propósito,
se desvira em “carai de asa!”