Efuturo: Bem-me-quer; mal-me-quer

Bem-me-quer; mal-me-quer

O vago dos sentimentos,
pode ter, e tem, distintos nomes.
Alguns fazem uso de termos simples;
outros “capricham na fineza”
e entornam por complexidades.
Por vezes quer dizer a mesma coisa,
entretanto buscam complexidões
em alocuções barbarizantes.
Um simples: “gosto de você,”
pode se transformar em um poema
ou pode ser um simples “gosto de você”
resumido em um gesto de carinho
ou uma única palavra, tão somente.
Não são dissemelhantes de muito,
tampouco são assim tão alheadas,
essas efemeridades sistêmicas.
Mas é enfermiço, quando se desvira em obsessão!

O vago do sentimentos
são de tal profusão, por vezes,
que de tamanha incerteza são cambiantes.
Vai de qualquer coisa ao nada num piscar de olho!
São de muitas facetas e de muitos jeitos;
vagos, por vezes, mas cheios de entonações:
são bem-quereres; querenças; apegos; amores...,
são sentimentos brutais, tal o ímpio da pujança;
ou sentimentos pueris, face ao ingênuo do gesto;
ou sentimentos simplórios, puros, tolos, tontos, bobos...,
no entanto, não são todos assim.
Não são todos de um mesmo tom!
Não são de iguais estampas, essas manhas do querer;
as particularidades são muitas e são peculiares:
nas qualidades, nos atributos, nas insígnias...

Mas como são boas essas sensações!
Mesmo vagas, mesmo vesgas,
mesmo falsas ou fingidas e dissimuladas,
mesmo instáveis, inconstantes, desequilibradas,
versáteis, volúveis, mutáveis, desatinosas...
Se bem-me-quer ou mal-me-quer...,
que me queira com querença qualquer!
Em especial, mas não só, com pretensões puras!
Que talvez não se alinhem com a minha ideia de anelo;
que talvez seja mais que simples coisa qualquer;
quiçá qualquer coisa tal qual o ensaio da não existência;
quem sabe, só o buscar de uma sandice na minha cabeça:
no fundo da minha essência; no âmago; no cerne...,
no mais profundo do bucólico da alma ou mais que isso!
É vero?!, tal fantasiar?
Ou castiço e singelo pitaco?