A flor da idade
A flor da idade, não murcha
e não tem seu brilho embaçado
por mais que o tempo passe!
É flor e será sempre flor.
Não perde seu frescor;
não perde seu viço;
e seu vício e o vício de toda flor:
viver flor e desabrochar-se
sempre, espargindo cheiros
em suas viçosas pétalas.
A flor da idade é inexaurível:
tem o sabor mais e mais apurado,
tal qual vinho posto a envelhecer.
Pois que, a cada momento da vida,
é momento de aprimorar:
de afinar, de refinar, de esmerar,
de requintar, sublimar, sofisticar...,
como estando em tonel de carvalho!
E no tecer da teia da vida,
a gente se ama e se explana
e se espalha e não se atrapalha;
não perde o tino e vence a sina!,
em sinal de perpétua vicejo:
e vem a primeira festa,
a primeira fossa,
o primeiro amor...,
o primeiro corpo,
o primeiro beijo,
o primeiro drama,
o primeiro copo,
o primeiro porre...,
e a vida esmera a flor!
E a flor desabrocha,
e se preserva flor...,
e se aprimora essência!