Quarentena
A luz clara nos prédios...,
o tédio...,
a cidade vazia...,
e a minh’alma afligida!
É o meu ego intimista.
Um buquê de faz de conta...,
um rosário de falsas pedras
que conto nos dedos
dos pés e das mãos!,
por mil vezes,
por mil sóis e por mil luas
sem ver-se findas, as contas.
É o meu ego insulado,
pisando mansinho,
que vai amainando a excitação,
mas não suprime a inquietação.
Apenas alivia um pouco,
muito pouco...,
sem, no entanto,
abafar o agitamento
ou contraditar o diz que diz...,
e assim, espreitando a mim mesmo,
vou a me espraiar no falso vazio!
A louça de ontem,
vai, hoje, ser outra vez usada
e guardada para amanhã,
com o sujo de cada dia!