Bom dia!
O dia amanhece, com um sol invasivo penetrando pelas frestas da cortina.
Embora mostrando-se em raios poucos, denota vigor e contrapõe ao leve frio cálido que vem do aparelho de ar condicionado.
De muito envolvente, esse calor ainda tépido, pois que o sol, desavergonhadamente malandro, parece ter inveja do morno matutino da alcova.
Ao meu lado direito, com a calma de um sono lubricioso, Jessica ainda dorme.
O corpo nu se expõe por sobre os lençóis, mostrando seu vívido frescor matutinal.
Um divinizado dormir, ungido pelo doce acalento da negrura da noite que aos pouco se esvai. Um sono de lindeza maior que a beleza da manhã que se anuncia. Uma soberba e desatinosa quietação, do corpo que carece de ser contemplado e gravado na memória como instante ímpar!
Desnudada das vestes e ajeitada por sobre o amarfanhado dos lençóis, Jessica se desvela ninfa!
Os cheiros espargidos pelos nossos corpos mancham as vestes do leito: lençóis e fronhas de muito amarrotados e empapados de quietude e de candidez.
Foi uma noite de pura e límpida lubricidade; uma noite inusitada, embora não seja a nossa primeira noite de amor e acredito não ser a última: quero momentos outros assim; espero noites outras tão ou mais deleitosas; almejo perpetuar nossos coitos!
Nada se sentia, além dos toque de corpo com corpo; carne com carne; ávidas mãos a percorrer os mais íntimos pontos; beijos ardentes a complementarem as carícias..., e carícias muitas, das mais pueris às mais lascivas e libidinosas e libertinas...
O concupiscente dominou nossos sentidos e nos entorpeceu a lucidez e nos entonteceu de prazeres e gozos.
Regalo sem medidas e sem limites!
O vinho que apetecia catalizador, exacerbou e se desvirou em lúbrico prazer no trocar entre as bocas – o líquido taninado – no entrelaçar de carícias em beijos lascivos e resvaladiços: nossos lábios se desviraram em taças!
E foram muitas promessas com palavras doces e murmurantes; muitos juramentos em total desregrado de lascívia, de concupiscência, de carnalidade, de volúpia e volições..., entre cada gole sorvido, cada beijo nada casto, cada afago, cada jura silenciosa, cada carícia de mãos embebidas de calenturas que se faziam mais e mais cariciosas, na exata proporção dos desejos aflorados!
O orgástico tântrico dominava nossos sentidos e daí se exalavam os cheiros dos nossos corpos, que somado ao cheiro do óleo de massagem se embaralhavam aos prazeres de todos os gozos e de todas as formas de deleites. Ficamos a saber quantos foram, quando foram e se realmente foram..., pois que ao testemunhos das paredes isso será eternamente sigilado.
Jessica acorda, se espreguiça e meus pensamentos tomam novas formas. Se desviram da lembranças do nosso coito noturno para sorver acariciado suave das suas muitas carícias, com as mãos no meu torso, suas coxas se esfregando nas minhas, sua boca buscando um beijo matinal..., e um “bom dia” cheio de doçura num sussurrar quase inaudível..., num sorrido descareceste de palavras que brota preguicento da musculatura da face e se abre com brilho maior que o sol!
Brilho maior vem dos olhos matutinos que se abrem como se querendo escancarar, mas ainda sonolentos persistem em leve quase fechado, mas que revela os segredos do brilho de alegria.
A languidez dos seus gestos, no tentame de mais despertar, prenuncia alacridade.
Contenteza indelével estampada no inteiro do corpo, nas marcas dos beijos e nos leves laivos de carícias e nódoas de um lambuzado de sucos e suores.
Anseio mais despertares nesse calibre de calenturas e de afagos e de ledices!
Almejo perpetuar esse acordar, refazendo-se e repetindo-se de maneira persistente: sendo de muita lubricidade as nossas noites e mais e mais atiçadas e mais exercitadas em seus mais deleites; sendo desigual, cada manhã ao nosso despertar, renovando as essências mais íntimas do nosso querer!
Será muito almejar?!?! Ter os nossos segredos e apetências desveladas a cada vez que se repetirem esse momentos lúbricos?!