A BRUXINHA SEM VASSOURA (cordel infantil)
Em história de faz de conta
Nada mais nos desaponta
Do que uma feia bruxinha
Sem a sua vassourinha.
Assim era a bruxa Ritinha,
Usava os poderes que tinha
Para fazer o bem e não o mal
Para gente ou animal.
Da vassoura não precisava
Porque na imaginação ela voava,
Pois era uma bruxinha tão boa
Igual a qualquer pessoa.
Apesar de boa amigos não tinha
A pequena bruxa Ritinha,
Que um dia teve a grande ideia
De convidar uma centopeia
Para uma festança na floresta.
Foi na hora que ela fazia seresta
Que um lobo apareceu
E dizendo que não entendeu
Porque uma bruxa feinha
Não tinha uma vassourinha
Para voar como andorinha
E usava aquela carrocinha
Para viajar pela floresta.
Pondo a mãozinha na testa,
Respondeu a bruxinha ao lobo:
- Ora, não seja tão bobo
Esta minha carrocinha
É como uma capelinha,
Um alegre e calmo abrigo
Para quem é meu amigo.
O lobo, rosnando ferozmente,
Disse de forma eloquente:
- Bruxa feia não tem amigo,
Não entrarei nesse seu abrigo
Eu tenho um enorme medo
Pois sei que não é brinquedo
A mágica de uma bruxa má,
É o castigo pior que há.
Triste e muito decepcionada,
A bruxinha ficou calada
E voltou para sua carrocinha
Uma verdadeira belezinha.
A festa foi cancelada
E os bichos da mata fechada
Até ficaram com pena
Daquela bruxa pequena.
Indo para a sua toca no mato
O lobo pisou num artefato
Ficando preso uivou por socorro
Que ultrapassou o cume do morro
Chegando aos ouvidos de Ritinha
Que entrou em sua carrocinha
Partindo aceleradamente
Para atender ao oponente
Que dela não queria a amizade
Oferecida com tanta sinceridade.
A bruxinha libertou o lobão
Que sentiu um aperto no coração
Ao ver que enganam as aparências
E entre muitas reticências
Pediu perdão a bruxinha
Dizendo que no mundo não tinha
Nada que pagasse aquela atitude
E que a bondade não é virtude
Só de quem é bonito e perfeito.
E espalhando pela mata o feito
O lobo convidou alguns bichos
Que chamaram outros entre cochichos,
Para a festa sonhada pela bruxinha,
Que de tão boa outra não tinha.
Chegaram bem na hora da ceia
E perguntaram à bruxa feia
Se seus amigos podiam ser
E se ela podia esquecer
O desprezo e a grosseria do lobo
Que percebeu o quanto era bobo
Por tanto tempo ignorar a pessoa
De Ritinha, a bruxinha boa.
A festa foi realizada
Da forma como foi sonhada
Com amigos e muita alegria
Findando na mata a monotonia.
(Maria Hilda de J. Alão)
09/01/12
(Histórias que contava para o meu neto)