NÃO SEI POR QUE
Não sei por que me sinto perturbado
Co! o trafegar de um carro em minha rua.
O Doppler que ele causa tem me dado
Sensação de uma perda que atua
Por lembranças remotas num guardado
E hermético pesar, sem que gazua
Alguma me desvenda esse passado
Em que se aloja o mal ou a falcatrua.
O modular do galo intuindo a aurora,
Do sapo o coaxar por noite adentro,
O avião monomotor seguindo embora:
Tudo isso, enfim, magoa... E me concentro
A indagar que mistério existe em mim
Pra que esse trivial me atinja assim.