MINHAS MÃOS
Olho pra minhas mãos e então me espanto...
Da face posterior rugas do punho
Formam vincos que o tempo, sem encanto,
Perfez-me sem aviso, e têm um cunho
De convincente ação junto ao meu pranto
Por aceitar que as rugas são o rascunho
Dos males que me esperam no ter tanto
De vivido: pois são um testemunho.
Vou usar luvas e veste em longas mangas
E inda a fingir que friorento sou,
Ou não sair de casa... E sem mais zangas
Acolher o meu jugo e agradecido
Pela idade que ainda não deixou
No obituário o nome ao qual sou tido.