Basta de promessas
Pelo menos nos primeiros dias de novembro, os holofotes do planeta serão desviados da Covid-19 para Glasgow. A capital da Escócia no Reino Unido. Lá está em andamento a COP26. A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Como nas anteriores, é o momento em que a maioria aproveita os holofotes para muito se prometer e pouco se cumprir.
Da conferência ouvimos algumas frases de impacto momentâneo. Infelizmente elas são cuspidas da boca para fora e logo esquecidas. “Falta um minuto para a meia-noite”. “Estamos cavando nossa própria cova”. “Não seremos perdoados pelas futuras gerações”. “Uma bomba relógio que precisa ser desarmada”.
Para a maioria dos humanos incluindo seus governantes e o capitalismo, as mudanças climáticas continuam a ser uma ficção da ciência. Teorias baseadas em estudos sobre o futuro. Essa espécie de negacionismo impede as ações e acelera as consequências. Ainda há a crença de que o nosso planeta permanece imutável.
É um grande engano. Os humanos são os principais responsáveis pelas mudanças que estão ocorrendo. De qualquer janela, podemos observar as consequências das mudanças climáticas. Janelas também podem ser abertas através dos documentários. Eles mostram o rápido encolhimento das geleiras. A silenciosa extinção de espécies.
Num compromisso assinado também pelo Brasil, líderes mundiais se comprometeram acabar com o desmatamento até 2030. Os países dos líderes que assinaram esse compromisso, detêm mais de 30 milhões de quilômetros quadrados de florestas. Esse pulmão do planeta está desaparecendo ao ritmo de 27 campos de futebol por minuto. Como acreditar nessas promessas?
Enquanto líderes mundiais discursam e prometem na COP26, cientistas emitiram um alerta sobre o solo do Ártico que está entrando em colapso. A temperatura do Ártico já aumentou mais de 2ºC acima da sua média pré-industrial. Temperaturas de 30ºC são observadas do Ártico 70 anos antes do que as projeções indicavam.
Esse aumento da temperatura está causando o desgelo do permafrost, o solo que permanece congelado o ano todo. Os danos do desgelo do permafrost já são considerados irreversíveis. No permafrost encontra-se 1,6 trilhão de toneladas de carbono orgânico. Isso é o dobro do encontrado na atmosfera do planeta.
Discursando na abertura da COP26, infelizmente a frase do naturalista David Attenborough não se aplica aos humanos. Ele disse: “Se somos suficientemente fortes para desestabilizar o planeta, também somos suficientemente poderosos para salvá-lo se trabalharmos juntos”. Sabemos apenas prometer juntos. Não é o suficiente!