Efuturo: FARDO

FARDO

as vezes me da vontade
de dar vóz de prisão
enjaular a saudade
algemar a solidão
das lágrimas barrar passagem
na tristeza da vontade
de torturar com as próprias mãos

se pudesse dava um gelo
naquele sono agitado
repleto de pesadelos
parecendo estar acordado
que insiste sem ter dó
em mostrar que estamos sós
que o vazio é nosso aliado.

taparia meus ouvidos
pra não ouvir dentro de mim
esse coração dorido
no seu choro sem fim
lamentando seu destino
a chorar como um menino
em pedaços a se partir.

mas como eu não tenho
tamanha autoridade
alimentar eu venho
cada dia minha saudade
com lágrimas ainda quentes
da tristeza ainda presente
da solidão que me invade.

mas nem tudo se perdeu
resta ainda uma esperança
pois ainda tenho um Deus
que de mim não se cansa
e nele é que aguardo
forças pra que este fardo
tome de mim distancia.

LADISLAU FLORIANO.