Quantos são?
Quantos são os que, tratados como ratos de laboratório se deixam intimidar pelos brados dos que têm ouvidos moucos e olhos que não enxergam, e orgulham-se em passar a fazer parte de um grupo, para eles seleto, mas na verdade cada vez maior de insensatos domináveis à distância através de um vírus digital que se espalha rapidamente e os transforma em zumbis, caixas de ressonância, repetidores fiéis das barbáries difundidas de forma que não sejam perceptíveis, apenas tomem conta de seus cérebros ocos e os controle facilmente?
Quantos são aqueles sem amor-próprio lutando por causas desnecessárias, matando por nada, morrendo por serem considerados subumanos nocivos como pragas de ratos ou pombos? Os que rastejam na lama espalhada pelos seus senhores, gente a quem não conhecem, jamais viram, ouviram falar ou conhecerão em vida. Talvez esses sejam os novos exemplares de humanos que se autodestruirão para que uma nova leva, com pensamentos programados e atitudes previsíveis formem uma unidade sem vida, sem gosto próprio, sem sabor... Os que viverão como os seus programadores desejam, pelo tempo que seus comandantes necessitem, realizando uma existência na qual não têm o poder de opinar, perderam o livre-arbítrio completamente e passaram de ratos para objetos puramente decorativos e destrutíveis ao prazer dos seus mandatários.
Quantos são os que renunciaram ao raciocínio para ter a mente corroída pelo ócio, inatividade, incapacidade de formular conceitos e direcionar planos coletivos e individuais, que realmente colabore com a evolução da espécie, preferindo migalhas como pombos, reproduzindo-se aleatoriamente até que seja necessária uma eliminação irrestrita para conseguir equilibrar a balança da superpopulação. Mortos sem ninguém para honrá-los, porque a honra lhes foi tirada. Uma época de ruptura em que o planeta se revolta e os donos do mundo se regozijam buscando a eternidade através dos bilhões que possuem e de uma tecnologia que acreditam dominar. Até o dia em que não.
Marcelo Gomes Melo