O livro “A Vida Secreta das Árvores” escrito pelo engenheiro florestal alemão Peter Wohlleben, não é apenas interessante. E um livro filosófico sobre as árvores que dividem o planeta com os humanos. Nós e as árvores temos muito em comum. Elas se comunicam, se relacionam, cuidam das doentes e competem com outras espécies por espaço e luz solar. Igualmente elas têm o seu ciclo de nascimento, vida e morte.

Os anéis das árvores também contam sobre o passado do nosso planeta. Foi o que aconteceu na Nova Zelândia. Retirada de um antigo lago, o tronco de uma conífera Kauri ajudou os cientistas datarem uma inversão dos polos magnéticos da Terra e suas consequências ocorrida há 42 mil anos e chamada de “evento Laschamp”. A citada árvore estava viva na época da inversão

O estudo diz que os anéis da árvore ajudam a encaixar os eventos que se sabe ocorreram na época do desaparecimento do campo magnético. Os climáticos e os ecológicos. Um resfriamento do planeta. A desertificação que os fósseis também registram. A expansão do gelo ártico e do andino.

Reportagens sobre o estudo divulgado pela revista “Science”, podem ser lidas no jornal “O Globo” e na revista “Galileu”. Durante uma inversão dos polos magnéticos que pode durar centenas de anos, a camada de ozônio sofre uma redução drástica. O planeta fica exposto aos raios ultravioletas do Sol. Ocorrem extinções de espécies em massa.

Por exemplo, teorias aceitas afirmam que a megafauna australiana foi extinta com a chegada dos humanos ao continente. O estudo sugere que a extinção ocorreu pela inversão dos polos magnéticos. Os neandertais desapareceram do planeta nesta mesma época. O clima mudou e os humanos tiveram de se adaptar.

Se o desaparecimento dos neandertais foi causando pela inversão dos polos magnéticos é uma especulação do estudo, há fortes evidências da relação do evento com o aparecimento das artes rupestres encontradas em cavernas e datadas da mesma época.

Possivelmente para se protegerem da radiação e do frio, os humanos encontraram refúgio em cavernas. Foi ali que os primeiros humanos artistas criaram suas obras encontradas em cavernas da Espanha, Itália e França. O ocre usado nas pinturas também seria usado como protetor solar.

O estudo é um alerta para o futuro. Fatalmente a raça humana será desafiada por uma nova inversão dos polos magnéticos. Sabe-se que há dois séculos o campo magnético da Terra enfraqueceu 9%. O polo magnético norte tem aumentado a sua velocidade de movimento. Atualmente encontra-se sobre o Canadá. E não haverá a possibilidade de usar redes sociais para espalhar fake news nas cavernas. Nem eletricidade. Nossos satélites e redes de energia elétrica serão destruídos pela radiação.