O Julgamento Final ao alcance
Existe um determinado ponto em que nada mais importa para um ser humano. Sempre acontece, só difere do momento da vida de cada um. Viver é estar em uma enorme fila de prestação de contas, e até que chegue a sua vez, a sua existência vai sendo recheada pelas atitudes que escolheu tomar usando o livre-arbítrio, solicitando ao seu garçom particular, em pílulas, tudo o que lhe está destinado e até onde consiga suportar.
Nesse ponto crucial você passa a ser passageiro no seu próprio trem sem maquinista, rumo ao desconhecido, e é aí que descobrirá se há bônus para continuar errando, ou é o fim da caminhada, de vez em quando suave, de vez em quando terrível.
Importar-se com qualquer coisa é inútil e estúpido, as forças lhe abandonam, bem como qualquer resquício de autoestima e esperança. Quem paga para ver é porque está satisfeito com a tragédia e sem medo nenhum das consequências. E o que retira a ansiedade e liberta a insanidade por completo. O que acontecer será privilégio.
De braços abertos para alçar outros voos, com os dentes para fora e as carnes do rosto açoitadas por um vento impiedoso, a sensação é de um salto sem paraquedas em direção às respostas aos piores temores.
Chegam a esse ponto os despreparados, tontos, ingênuos, parte da leva de manipulados que apenas fizeram o que lhes mandaram, obedeceram ao que a maioria disse, incapazes de questionar até o espelho.
Esses são lenha para a imensa fogueira de eliminação do nível no qual se encontram; serão cinzas antes dos outros, piores do que os culpados por alguma coisa, hierarquicamente abaixo de todos pela inércia, pela covardia e isenção corrosiva. Desmerecidos pelo medo de tomar um lado, se beneficiar por qualquer coisa sem se comprometer com coisa alguma.
Esse é o ponto em que alma contesta o corpo, e o corpo, sem valor ou poder algum será dizimado como um péssimo receptáculo durante uma vida inteira, que pode ter durado muito ou apenas segundos, dependendo da capacidade de ouvir o coração e direcionar o cérebro para escolhas razoáveis, que valham alguma pena, no final das contas.
Tudo o que é certo é que o momento final se apresenta e só é possível assistir como a um filme o final determinado.
Marcelo Gomes Melo