Efuturo: A destruição de tudo como conhecemos

A destruição de tudo como conhecemos

De que maneira você se expressa quando está feliz? Ela fechava a cara, de onde nenhum sorriso jamais escaparia, muito menos através dos reis do stand up comedy, completamente apelativo e sem graça, que achavam que para fazer rir é preciso juntar palavrões com gritaria.
A verdade é que isso só gera constrangimento, e as pessoas riem quando querem esconder o desconforto social. Outros se irritam com a apelação e reclamam, criando aquele clichê de que humor não deve ter limites. O certo é que humor deveria ter bom gosto, sutileza e inteligência. Fina ironia, ou até algum escárnio, o humor negro aceito com reservas.
O fato é que algumas pessoas não alcançam o humor fino, perfeitamente calibrado e com diversos sentidos; os seus cérebros rudimentares só aceitam como engraçado o que é óbvio, escatológico e simplório. Coisas que realmente são mais deprimentes e pobres de espírito do que maravilhosas, que enlevem o espírito.
É desse ponto que surge o debate, e com ele a discórdia: deveria esse humor sem limites, rude, grosseiro, maldoso ser aceito e replicado? Humor deve ser censurado por algum motivo? E o pior é que a tendência das partes, com pessoas sensíveis além do necessário, fracas, que se permitem derrubar com qualquer coisa. E além disso hipócritas, adeptas do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. O que torna o humor extremamente perigoso. E a ausência de humor altamente mortal.
Esses tempos criaram armadilhas sociais, e todos começaram a necessitar de muita atenção com o que dizem, com o que sorriem, com o que demonstram.
Ela fechava a cara quando estava feliz. Não se permitia demonstrar porque poderia lhe render represálias, acusações e punições. Seres ardilosos riam de tudo como hienas, ao ponto de não poderem ser recriminados porque o seu riso frouxo eliminou qualquer valor que pudesse ter.
Uma sociedade repleta de pensadores incapazes de entender e analisar um fato; opinadores livres de coisas que desconhecem completamente; juízes da vida alheia sem noção do perigo que isso causa. Adeptos do “falem mal, mas falem de mim”, vendendo os resquícios da intimidade que restou descaradamente enquanto podem, até serem esmagados pelo rolo compressor das necessidades virtuais. E quando deixam de ser pessoas para virar avatar; quando perdem as emoções e a capacidade de agir sozinhos para seguir em rebanho.
Quando inadvertidamente arriscam o seu livre-arbítrio para mudar de rumo, de genes, de DNA... Quando se transformam em outro ser que não é mais humano. É um rastro da destruição do que sempre houve, do que há e que jamais existirá como a conhecemos.
Marcelo Gomes Melo