Carta ao Leitor (T1093)
Hoje vim à sua busca meu amigo e companheiro leitor, mais uma vez te procuro em meus devaneios absurdos, talvez seja o que está pensando deste que carrega uma alma perturbada e que está sem rumo, que nesta caminhada pela vida ainda não se encontrou, mas o que fazer se é o único que pode me ler, e tem outra, carregaria uma frustração a menos, pois se cansa com minhas palavras pode parar quando quiser, e isso não me magoaria, nunca saberia se te chateei com minhas palavras, ou se você me acha um louco varrido.
O fato é que percebi que perdi a confiança no ser humano, claro que você não tem culpa disso, mas os fatos que me aconteceram me levaram a esta perda, como também a minha vontade de seguir e conquistar algo também foi abalada.
Quando depositamos enorme confiança em algo ou, como em meu caso, em alguém, geralmente quando vemos que tudo era falso a decepção vem como uma bomba que explode, deixando estilhaços em sua alma, e as feridas abertas são irreparáveis, confesso que gostaria de voltar a confiar nas pessoas, confiar num amor verdadeiro, mas mesmo que eu ame alguém, e isso já está acontecendo, ainda ficará sempre uma ponta de desconfiança, por mais que a pessoa se esforce por mostrar que merece sua confiança.
E foi assim, depositei muita confiança numa pessoa que aprendi a amar do fundo de meu coração, uma pessoa que admirava, e sempre pensei ser a pessoa mais correta deste mundo, pensei ser parte de uma família, mas nunca foi assim, na verdade me senti vítima de uma armação, nunca me respeitaram como pessoa, como ser humano, e quando mais precisava de apoio para enfrentar as dificuldades que estavam por vir, me vi sozinho, isolado num caminho de sofrimento, sei que muito do sofrimento hoje diminuiu, a sensação de mal estar é menor, mas não cicatrizou o que vai dentro do coração, pois a indignação do que descobre é muito grande, muito forte, e tudo que você depositava na pessoa se torna uma mentira que custa a ser entendida e assimilada.
Hoje sei que me abri a um novo amor, mas ainda as coisas são muito recentes, e a confiança custa a aparecer, pois ainda aquele vazio existe em meu peito, e a confiança ainda é algo muito vaga, é como se você criasse uma proteção para amanhã não passar pelas mesmas dores, pelo mesmo sofrimento, a dor da não aceitação pela família dela, a dor da traição, a dor de não ser amado da forma que ama, a dor de ver o mesmo filme passar, e isso seria muito doloroso, e enquanto isso vou tentando superar todo este trauma e quem sabe a estrada se abra diante de mim e algo inusitado aconteça.
Alexandre Brussolo (15/01/2011)