As baleias e o aquecimento global
Para os adeptos da ciência as reportagens do “Mar sem Fim” publicadas pelo jornal “O Estado de São Paulo”, falam sempre do grande tesouro que nós os humanos temos a nossa disposição. O conhecimento. Inacreditável existirem aqueles que preferem deixar esse tesouro perdido.
Uma dessas reportagens de João Lara Mesquita, tem como foco um estudo do FMI mostrando como as baleiras ajudam no combate ao aquecimento global. Estimativas apontam que atualmente existem 1,3 milhão de grandes baleias nadando pelos oceanos do planeta. Antes do período pré-comércio de caça às baleias, elas somavam entre 4 e 5 milhões. Outra espécie dizimada pelos humanos.
Nos cálculos o estudo do FMI mostra que as grandes baleias têm a capacidade de capturar 1,7 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. É mais do que as emissões anuais de carbono feitas pelo Brasil. Se isto realmente for um fato, não deveríamos apenas compor canções, mas erguer altares para as baleias.
O estudo responde também uma pergunta interessante. Quem retira mais CO₂ da atmosfera, as árvores ou as baleias? Uma árvore absorve 22 kg de CO₂ durante um ano. Quando morrem e afundam nos oceanos, as grandes baleias levam junto em média 33 toneladas de CO₂.
Acreditava-se ser verdade e nunca foi. O pulmão do mundo não são as florestas tropicais. As florestas consomem quase todo o oxigênio que produzem. O pulmão do mundo está nos oceanos. Em especial no Fitoplâncton. Que também é um alimento da cadeia alimentar marinha.
Fitoplâncton são algas microscópicas que produzem fotossíntese capturando CO₂ para o fundo dos oceanos. Devemos a eles pelo menos 50% do oxigênio da nossa atmosfera. E mais. Capturam 37 bilhões de toneladas, o que significa 40% de todo o CO₂ produzindo. Isto seria o equivalente ao que 1,70 trilhão de árvores capturam. Para um espanto maior, isso seria quatro florestas amazônicas.
Voltando ao estudo do FMI, cientistas descobriram que as baleias aumentam a produção de Fitoplâncton por onde passam. O cocô e o xixi das baleias contêm ferro e nitrogênio que o Fitoplâncton precisa para crescer. Esses minerais sobem para a superfície dos oceanos quando as baleias fazem o movimento conhecido por “bomba de baleia”.
Pela ação dos humanos florestas e baleias sofrem uma severa extinção. Estamos muito próximos de não ver mais baleias nos oceanos. Que dirá então a utopia com 5 milhões delas embelezando novamente nossos mares azuis. Gravadas elas continuaram nos documentários. Resta saber por quanto tempo nós estaremos por aqui respirando ar puro para vê-las na televisão e nos vídeos da internet.