Carta ao Leitor XIX (1053)
Meu amigo leitor, talvez o único que com paciência me lê em linhas às vezes com traços depressivos de uma alma que procura só alguma explicação para o que passa na vida.
Fico imaginando porque muitas pessoas mascaram a sua verdadeira essência, digo essência tanto no sentido negativo como no sentido positivo. Eu mesmo me sinto traído por este tipo de atitude que o ser humano carrega e faz questão de achar que é uma forma correta de ser, talvez o seja do ponto de vista de cada um.
Você leitor pode estar perguntando por que escrevo isso, mas posso não saber a resposta, simplesmente algo que me perturba e encontro em você leitor meu amparo, minha forma de expor o que vem em meu coração.
Foram vinte anos que praticamente convivi mas não conheci a pessoa que estava a meu lado, vinte anos e não percebi onde estava me metendo, parecem vinte anos perdidos da minha vida, se assim podemos dizer, pois cada acontecimento na sua vida deve ser encarado como um novo começar, mas na verdade o que fica é este sentimento de perda, de fracasso, pois ainda me surpreendo como a pessoa que conheci a tanto tempo ainda continua me mostrando um lado que não conhecia, um lado totalmente mascarado por este tempo todo.
Talvez seja o amor tão grande que sentia que me cegava, cegava de uma maneira que não via quem estava ao meu lado, não via que as pessoas só queriam atrapalhar, hoje fica só uma indagação, isso tudo a custo de quê? E será que valeu a pena? Não sei, ainda caminho por estradas que não sei onde vai dar, com o espírito ainda abalado, dilacerado, tentando entender meu caminho, tentando buscar algo que aponte a minha verdadeira estrada neste mundo.
Alexandre Brussolo (03/12/2010)