A imortal sinfonia
Tudo que se deseja é causar danos. Causando danos o mundo parece mais alquebrado do que cada um, e a vida se torna mais suportável. Pura ilusão. As dores que causam se refletem em toda existência, de forma triplicada, infligir dor lhe fará sentir dor, não há sentido em pensar de outra forma.
E os dias vão passando, as gerações se sucedendo e os erros permanecem, porque grudam como cola, e o que é realizado de bom perde-se com o tempo. O que se tem são gerações piores e piores até que se destruam por completo e não reste mais nada.
O que é ensinado hoje é divisão. Divida e conquiste. Conquiste e destrua. Destrua a quem tornou inimigo por ter dividido, e quando destruir a todos, destrua a si mesmo no espelho. Você é o Dorian Gray por trás do retrato, o ruim dos ruins, a alma penada juvenil que jamais aprendeu sobre o amor.
As fraquezas lhe formaram e as paixões se afastarem, você é incapaz de enxergar qualquer cor, sentir qualquer mudança de temperatura, não sabe sorrir. Você é um esgar produzido pelos pecados, fruto das mentiras de uma sociedade que achou mais fácil se corromper e desaprender do que evoluir, tornando-se algo melhor.
Escolhido o caminho supostamente mais fácil, bastou se deixar escorregar ladeira abaixo, consequência de um sem fim tormentoso, onde tudo está borrado e impossível de reconhecer.
E assim continuará sendo uma descida contínua, degrau por degrau, e a cada passo a degradação é maior. A hipocrisia é a cortina que impedirá de enxergar a verdade antes que tudo acabe. Em fogo e ruínas.
Um lamento tortuoso e aterrador jamais ouvido pelos surdos produzidos para suportar a imortal sinfonia da derrocada humana.
Marcelo Gomes Melo