Só os loucos sabem
O silêncio que precede a tempestade. O recuo das águas do mar momentos antes do tufão. A leve frieza feminina que afirma, sub-repticiamente, problemas infindáveis referentes a reclamações que envolvem zumbidos, chiados e gritarias.
Ah, as coisas que podemos perceber imediatamente! Não tão de imediato, afinal seres masculinos tendem a uma distração letal para o que não lhes importa. Retratando a sociedade, com toda diversidade possível, o instinto é o que nos une a todos. E instintos funcionam muito bem até que falhem. Ou sejam ignorados.
As manobras através das quais somos controlados. E os controladores são iguais, não diferem em nada, apenas camuflam-se, trocam de cores, sorriem diferente e conseguem entreter de uma forma que poucos percebam que se tratam de uma casta. Subdividida por vontade própria, reforçando a máxima de que dividir para conquistar é o modo mais eficiente.
Os que conseguem perceber alguma coisa e ousam bradar aos quatro ventos correm o risco de receber a alcunha de loucos, e só os loucos sabem já dizia o Chorão, com Charlie Brown Jr., de Santos para o pensamento quase livre da juventude.
Os loucos que porventura ousem mais podem sumir, desaparecer como abduzidos por aliens, quedas de monomotores, helicópteros e até aviões com inocentes displicentes no lugar errado e na hora errada. Teorias da conspiração causam polêmica, risos, ajudam a nublar qualquer claridade no pensamento como o fog londrino, ou o inverno da São Paulo de antigamente.
As coisas que ocorrem nos bueiros são menos escondidas do que as que acontecem embaixo do olhar tolo da maioria, gente benevolente e autoindulgente, manobrados conforme o vento como uma vela, e as bússolas que lhes são ofertadas custam bastante dinheiro e apontam para o lugar que eles querem. Nunca a um único norte. Dispostos a acreditar em qualquer coisa, e a seguir a qualquer um com a cara de pau suficiente para leva-las a uma cruzada vazia e sem nexo, deficientes morais encarregam-se de criar ondas, intitulam-se influenciadores. Para que sejam influenciadores necessitam de influenciados, e há gente aos borbotões procurando uma ideologia para viver, já previa Cazuza nos bons e velhos anos oitenta.
O que salta aos olhos e não é visto seria unicamente fruto da bondade divina, para que as pessoas não acabem com a própria vida por conta das atitudes bizarras que se espalham dia após dia, tomando o que é certo como errado, e consequentemente o que é errado como certo?
A expressão da moda é gado. Manadas e manadas se digladiam sob o olho do dono, que fuma o seu charuto, bebe o seu licor e sorri, complacente com os que acham que ainda existe independência e o livre-arbítrio não está sendo tomado aos poucos, como goles de xerez. Disso, só os loucos sabem.
Marcelo Gomes Melo