A falácia do amor incondicional
O amor incondicional pode ser bastante tedioso, embora seja o santo graal da maioria das pessoas nas redes sociais, nas trocas de cartas nas caixas postais, nos programas de televisão à tarde para donas de casa desiludidas. a
Trata-se de uma busca ilusória e infrutífera, já que todos os participantes acreditam encontrar tal amor diversas vezes, trocando de pares cada vez mais rápido após seguir o devido protocolo, que é conhecer-se superficialmente, contar segredos da vida pessoal um do outro que logo se tornarão armas para atingir mortalmente e tentar consertar o erro de achar ter encontrado o amor perfeito.
Surge como um jogo para solitários ingênuos que pretendem superar os próprios defeitos com as qualidades do parceiro, mas logo descobrem que isso exige reciprocidade, e logo um caminhão de defeitos derrama-se sobre si, dobrando o desespero e distanciando-se do que, a princípio parecia amor.
Os que vivem melhor são os que se adaptam às imperfeições do amor, desistem de mudara si mesmos e aos outros e distribuem o sofrimento igualmente a ponto de se tornar suportável.
Então as pílulas de carinho, atenção, cuidado e apoio servirão plenamente para restaurar o corpo e a mente das dores, realizando desejos e guiando para uma nuvem quase incessante de alegria.
Um amor mais pobre, sem superpoderes, realista, que atua como base para a construção de uma vida inteira!
Soa melhor viver com o que for possível receber do amor do que querer coloca-lo em uma jaula e dominá-lo ao ponto de fazê-lo perder o valor, esvaindo-se pelo ralo enquanto o seu corpo vazio adormece e morre aos poucos por algo sem cura.
Marcelo Gomes Melo